terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os Cinco Pontos do Calvinismo - Por Pr. Adhemar Junior

INTRODUÇÃO

Precisamos começar pela Holanda, no ano de 1580, quando a fé reformada se tornara reconhecida pelas autoridades civis holandesas, se tornando a religião da República da Holanda.

Até esse momento as igrejas da Holanda, assim como as outras igrejas protestantes mais importantes da Europa, subscreviam a Confissão de Fé Belga e de Heidelberg, ambas firmemente baseadas nos ensinamentos da Reforma.

No ano de 1603 a Universidade de Leiden, a mais antiga e mais famosa universidade da Holanda convida um pastor reformado chamado Jacobus Arminius para ser professor de Teologia Reformada (Pois eram seguidores de João Calvino, o reformador francês). Em 1604 Armínio apresentou uma tese sobre predestinação e eleição divina. Ele afirmava que o decreto eterno de Deus significa que ele aceita em sua graça aqueles que se arrependem e crêem. Assim a salvação dependia da presciência de Deus. Armínio pensava que suas idéias estivessem em conformidade com a Confissão Belga. Mas um dos seus colegas, um Pastor reformado chamado Franciscus Gomaro, ou Gomaro, não concordou com isso. No mesmo ano, 1604, Gomaro apresentou sua tese dizendo que a predestinação significa que Deus escolhe alguns para a vida eterna por sua soberana vontade e por seu amor imerecido, enquanto as demais pessoas permanecem na morte eterna. Gomaro viu em Armínio um contestador da confissão reformada e por isso se tornou seu adversário.

A controvérsia se torna então uma questão nacional, pois o país se dividiu, e as autoridades também estavam divididas. Até que o príncipe Maurício de Orange-Nassau, o Conde de Nassau, segundo filho de Guilherme de Orange salva a situação, passando a freqüentar um culto em uma igreja gomarista. Ele então desarmou as tropas dos magistrados arminianos e depôs as autoridades arminianas e em outubro de 1617 os estados Gerais, a mais alta autoridade do país, decidiu convocar um Sínodo nacional, o Sínodo de Dort, pois aconteceu na cidade de Dordrech, na Holanda. (1618-19)

Porém, em 1610 morre Jacobus Arminius, e seus seguidores então formulam em cinco pontos principais de doutrina as afirmações de seu professor. Porém a intenção dos arminianos era de mudar a posição reformada, e por isso apresentaram seus cinco pontos, em forma de objeção – ou protesto – ao parlamento holandês. Os cinco pontos do arminianismo eram, de modo geral, os seguintes:

1 – Livre-arbítrio, ou capacidade humana – Ensinavam neste ponto que o homem, embora debilitado pela queda, não era totalmente incapaz de escolher o bem espiritual, e podia exercer a fé em Deus de forma a receber o evangelho e assim tomar posse da salvação para si mesmo.

2 – Eleição condicional – Ensinavam neste ponto que Deus impunha Suas mãos sobre aqueles indivíduos que sabia – ou – antevia – que responderiam ao evangelho. Deus então elegeu aqueles que previa que iriam querer a salvação apresentada pelo evangelho, ou seja, salvos por seu próprio arbítrio e em seu estado natural caído – que, de acordo com o primeiro ponto arminiano, já não era completamente caído.

3 – Redenção Universal, ou expiação geral – Ensinavam neste ponto que Cristo morreu para salvar a todos os homens; mas só potencialmente. A morte de Cristo permitiu a Deus perdoar os pecadores, porém sob a condição de que cressem.

4 – A Obra do Espírito Santo na regeneração limitada pela vontade humana – Ensinavam neste ponto que quando o Espírito Santo iniciava a obra de trazer uma pessoa a Cristo, ela podia resistí-lo eficazmente e frustra-lo em seus propósitos. Não poderia dar vida se o pecador não estivesse disposto a receber essa vida.

5 – Cair da Graça – Ensinavam neste ponto que o homem salvo poderia finalmente perder a salvação. Este é sem dúvida, o resultado lógico e natural do sistema. Se o homem tem que tomar iniciativa em sua salvação, então tem que assumir a responsabilidade pelo resultado final.

Os cinco pontos do arminianismo foram apresentados ao Estado no Sínodo nacional de Dort convocado em 1618-19, a fim de examinar o ensinamento de Armínio à luz das Escrituras. O Sínodo de Dort reuniu-se durante 154 sessões, e ao final, os cinco pontos do arminianismo foram declarados não embasados pelas Escrituras Sagradas, portanto condenado pelo Sínodo Nacional de Dort.

O Sínodo preparou então os cinco pontos do Calvinismo que foram aceitos e confirmados pela Igreja Reformada na sessão do dia 6 de maio de 1619, e foram solenemente promulgados.

A apresentação dos cinco pontos do Calvinismo as vezes é apresentado em forma de acróstico baseado na Palavra TULIP, como se segue:

T Total Depravação (incapacidade total)

U Eleição Incondicional

L Expiação Limitada (redenção particular)

I Graça Irresistível

P Perseverança dos Santos

Como pode ser percebido de imediato, estes são completamente opostos aos cinco pontos do arminianismo. O homem é totalmente incapaz de salvar a si mesmo devido a queda no jardim do Éden ter sido total. Se não pode salvar-se, então Deus tem que salvá-lo. Se Deus tem que salvar, então tem que ser livre para salvar a quem Ele quer. Se Deus determinou salvar a quem Ele quer, então foi para estes que Cristo veio e fez expiação na cruz derramando seu precioso sangue. Se Cristo morreu por eles, e apenas eles, então o Espírito Santo efetivamente irá chamá-los de uma forma eficaz à salvação. Se a salvação é de Deus desde o início, então o fim também será de Deus, e os santos perseverarão em júbilo eterno.

Estes são os “Cinco Pontos do Calvinismo”. Examinados cada um em maiores detalhes sendo que são firmemente baseados na Palavra de Deus, e mantidos tenazmente por nossos antepassados na fé dada aos santos. Por essa fé devemos lutar com vigor. Veremos a seguir, as verdades sobre as doutrinas de Deus para o homem, e a afirmação verdadeira de Charles Haddon Spurgeon, que diz: “Não é novidade o que prego, não é nenhuma doutrina nova. Gosto de proclamar aquelas doutrinas fortes e antigas que são apelidadas de calvinismo, mas que é segura e certamente a verdade de Deus revelada em Jesus Cristo”.

1 – DEPRAVAÇÃO TOTAL

À medida que consideramos o primeiro dos cinco pontos do calvinismo, certamente o que deve nos impressionar é o fato deste sistema começar por algo fundamental à questão da salvação, a saber, uma avaliação correta da condição daquele que deve ser salvo. Se tivermos uma perspectiva deficiente e amena sobre o pecado, então estamos sujeitos a ter uma perspectiva deficiente quanto aos meios necessários para a salvação do pecador. Se acreditarmos que a queda do homem no jardim do Éden foi só parcial, então é provável que fiquemos satisfeitos com uma salvação que seja atribuível parcialmente ao homem e parcialmente a Deus. Como as palavras de J.C. Ryle sobre o assunto são cheias de bom senso! “Existem muito poucos erros e doutrinas falsas”, diz ele, “cujas origens não possam ser vinculadas a pontos de vista incorretos sobre a corrupção da natureza humana. Perspectivas erradas sobre uma cura. Perspectivas erradas sobre a corrupção da natureza humana sempre trarão consigo perspectivas erradas sobre o grandioso antídoto e cura daquela corrupção”.

Com plena consciência de que este era o caso, os teólogos de Reforma e aqueles que reduziram os ensinamentos reformados a esses Cinco Pontos no Sínodo de Dort, baseando seus julgamentos firmemente nas Escrituras, afirmam que o estado natural do homem era de total depravação, e, portanto havia total incapacidade do homem para obter ou contribuir a favor de sua própria salvação.

Quando os calvinistas falam em depravação total, entretanto, não querem dizer que todo homem é tão mau quanto poderia ser, nem que o homem seja incapaz de reconhecer a vontade de Deus; nem ainda que seja incapaz de fazer o bem para seus semelhantes, ou até de ser submisso exatamente ao culto de Deus. O que querem dizer é que quando o homem caiu no Jardim do Éden, caiu em sua “totalidade”. A personalidade do homem foi afetada como um todo pela Queda, e o pecado atinge a todas as faculdades – a vontade, o entendimento, as afeições, etc. Acreditamos que isso é irrefutavelmente ensinado na Palavra de Deus, à qual passamos a nos referir. O que segue é somente uma seleção das Escrituras que confirmam os ensinamentos calvinistas sobre a depravação total.

A Bíblia nos ensina com clareza absoluta que o homem, por sua natureza, está MORTO: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Ela nos diz que os homens estão AGRILHOADOS. “disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorna à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (II Tm 2.25-26). Mostra-nos que o homem é CEGO e SURDO. “...eles lhes respondeu: A vós outros é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles” (Mc 4.11-12). Mostra-nos também que o homem é IGNORANTE. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhes são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Co 2.14). A Bíblia fala de nós como sendo PECAMINOSOS POR NATUREZA. (1) Por nascimento: “Eis que em iniqüidade foi formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). (2) Por prática: “e viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6.5).

Esse então é o estado natural do homem. Portanto, devemos perguntar: podem os MORTOS se levantar? Podem os PRESOS se libertar? Podem os CEGOS dar-se visão, ou os SURDOS audição? Podem os ESCRAVOS se remir? Podem os IGNORANTES POR NATUREZA mudar a si mesmos? Certamente que não! “Quem do imundo tirará o puro?” pergunta Jó; e responde, “Ninguém!” (Jó 14:4). “Pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo as suas manchas?” pergunta Jeremias; “Nesse caso também vós podereis fazer o bem, estando acostumado a fazer o mal”. (Jr 13.23)

Poderia a Palavra de Deus mostrar mais claramente do que faz, que a depravação é total? O quadro é de morte – morte espiritual. Somos como Lázaro em seu túmulo; mãos e pés amarrados; fomos tomados pela corrupção. Assim como não havia qualquer lampejo de vida no corpo do morto Lázaro, assim também não há “centelha interna receptiva” em nossos corações. Mas o Senhor opera o milagre – tanto com o fisicamente morto, quanto com o espiritualmente morto; pois “vos vivificou, estando vós mortos em vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). Salvação, por sua própria natureza, tem que ser “do Senhor”.

2 – ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Nossa aceitação ou rejeição da depravação total como uma afirmação bíblica verdadeira da condição do homem por natureza determinará em grande parte nossa atitude para com o próximo ponto que foi revisto no Sínodo de Dort. Na Confissão de Fé de Westminster e nos trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra, e todas as confissões importante confirmam este ponto da Eleição incondicional debatida no Sínodo de Dort.

A doutrina da eleição incondicional é conseqüência natural da doutrina da depravação total. Se de fato o homem está morto e preso em cativeiro, e surdo e cego, então a solução para todas essas condições está fora dele mesmo (isto é, com Deus). Perguntamos no último capítulo: “pode o morto se levantar?” E a resposta inevitavelmente tem que ser: “certamente que não”. Se, entretanto, alguns homens e mulheres de fato são levantados de sua morte espiritual – “nascidos de novo” como coloca o Evangelho de João – e uma vez que são incapazes de operar essa obra por si mesmos, então devemos concluir que foi Deus que os levantou. Por outro lado, como muitos homens e mulheres não são “vivificados” devemos concluir semelhantemente que isso decorre de Deus não os ter levantado. Se o homem é incapaz de se salvar em decorrência da queda em Adão ter sido total, e se somente Deus pode salvar, e se todos não são salvos, então a conclusão tem que ser que Deus NÃO ESCOLHEU SALVAR A TODOS.

Esta não é uma filosofia cega, mas é retirada da Palavra de Deus, é construída, sustentada e revelada por ela. O assunto é tão vasto quanto o oceano; mas não podemos fazer mais do que citar alguns versículos chaves das Escrituras que agem como mapa e compasso através desses mares imensos.

A história da Bíblia é a história da eleição incondicional. É estranho aqueles que se opõem a essa doutrina não reconheçam isso. Alguns crentes tem dificuldades em crer que Deus poderia preterir certas pessoas e escolher outras, e no entanto, aparentemente não tem dificuldade em crer que Deus chamou Abraão dentre pagãos de Ur dos Caldeus deixando os outros no seu paganismo. Por que razão Deus escolheu a nação de Israel como Seu “povo peculiar”? Não há necessidade de especular, pois Deuteronômio 7:7 nos dá a resposta: “O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos: Mas porque o Senhor vos amava...” Por que razão Deus, desrespeitando completamente as leis de família de Israel, escolheu o filho mais novo, Jacó, em lugar do primogênito Esaú? Mais uma vez, “à lei e ao testemunho”. Rm 9:11 – 13: “...Para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme...Amei Jacó, e aborreci Esaú”.

Qual era a doutrina pregada por Jesus na sinagoga em Nazaré, se não a doutrina da eleição incondicional? “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias... E a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Serepta de Sidom, a uma mulher viúva... E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro” (Lc 4: 25-27) . Sabemos o resultado da pregação dessa mensagem por nosso Senhor: “o levaram até ao cume do monte para dali o precipitarem”.

Falta de espaço impede um relato completo da escolha soberana de Deus do Seu povo; mas a verdade é clara: “Não fostes vós que escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros...” (Jo 15:16); Não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?”(Rm 9:21); “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Rm 9:15); “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo”, “e nos predestinou para filhos de adoção” (Ef 1:4-5); e assim, poderíamos apresentar inúmeros textos, pois a Bíblia está repleta de textos sobre a eleição, mais um exemplo claro, leia João 17 com calma, prestando atenção nos verbos, artigos definidos e pronomes possessivos, e verá claramente na oração de Jesus ao Pai, e apresentação da eleição.

Concedemos que há um tipo de eleição” que é mantida por muitos crentes hoje. De modo geral baseiam-se em Romanos 8:29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou...” A causa se desenvolveu aproximadamente da seguinte maneira: Deus previu aqueles que aceitariam a Cristo, “elegendo-os” portanto para a vida eterna. Contra esse ponto de vista salientamos que: 1 – A presciência de Deus refere-se a um povo e não a qualquer ação desenvolvida pelo povo. A Bíblia diz: “...os que dantes conheceu” ...etc. De novo Deus fala através de Amós: “De todas as famílias da terra a vós somente conheci”. Isto é, independente de qualquer ação, boa ou má, Deus os conheceu” no sentido que os amou e escolheu para serem dEle. É assim que predestinou a Seus eleitos. 2 – Não adianta dizer que Deus nos elegeu pó ver algo que faríamos – isto é, “aceitar” a Cristo, mas somos escolhidos para que possamos “aceitá-LO”. “Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas” (Ef 2:10). 3 – Também não resolverá dizer que Deus previu aqueles que acreditariam. Atos 13:48 torna esse ponto completamente claro: “... e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna”. Eleição não resulta de acreditarmos, mas nossa crença resulta de sermos eleitos – “ordenados para a vida eterna”. 4 – Além disso, dizer que exercitamos fé ao aceitar a Cristo e que Deus previu essa fé, e portanto nos elegeu, somente nos leva a mais um passo para traz; pois onde encontraríamos a fé para exercitar? As Escrituras fornecem a resposta: “É dádiva de Deus, não de nós mesmos”.

Certamente, em vez de argumentarmos contra essas coisas, deveríamos estar praticando aquilo que o Espírito Santo, através do apóstolo Pedro, recomenda: “Procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição...” (II Pe 1:10).

3 – EXPIAÇÃO LIMITADA

Este terceiro ponto não só nos traz ao âmago dos cinco pontos, mas também ao fato central do evangelho, isto é, o propósito da morte de Cristo na Cruz. Isso não é acidental. Os teólogos que haviam se colocado a tarefa de defender as verdades da Reforma Protestante contra os ataques da facção arminiana seguiam uma linha bíblica e lógica em suas formulações e haviam agora chegado ao pivô da salvação. Primeiro haviam perguntado “Quem deve ser salvo?” A resposta foi “O homem”. Mas o ensinamento bíblico sobre o homem mostrou que, em seu estado natural o homem é completamente incapaz de salvar a si mesmo. Assim, temos o ensinamento da depravação total, ou incapacidade. Em segundo lugar, uma vez que alguns homens e mulheres são efetivamente salvos, então certamente que Deus foi o autor desta salvação, ele os salvou em contraposição ao resto da humanidade. Isto é eleição: “... para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme...” (Rm 9:11). Entretanto, a eleição “marcava somente a casa para onde viajaria a salvação”, como declara Spurgeon; uma expiação total, perfeita e satisfatória ainda era necessária para os pecados dos eleitos, de modo que Deus pudesses ser, não somente um salvados, e sim “um Deus justo e Salvador”. Essa expiação como todos nós reconhecemos, foi realizada pela submissão voluntária de Cristo á morte na cruz, onde sofreu sob a justiça desse Deus justo, e adquiriu a salvação que, como salvador, havia determinado. Na cruz, então – e sem dúvida todos aceitamos isto – Cristo suportou o castigo, e obteve salvação.

Surge agora esta pergunta: Ele suportou o castigo de quem, e adquiriu a salvação para quem? Existem três caminhos em que podemos prosseguir quanto a isso. São estes:

1 – Cristo morreu para salvar a todos os homens sem distinção.

2 – Cristo morreu para salvar a ninguém em particular

3 – Cristo morreu para salvar a alguns.

A primeira posição é mantida pelos “universalistas”, a saber, que Cristo morreu para salvar a todos os homens, presumindo eles com muita lógica, que todos os homens serão salvos. Se Cristo pagou o preço de pecado, salvou, resgatou, deu Sua vida por todos os homens, então todos os homens serão salvos. A segunda opinião é dos “arminianos”, que Cristo obteve uma salvação potencial para todos os homens. Cristo morreu na cruz, diz este ponto de vista, mas embora tenha pago a dívida de nossos pecados, Sua obra na cruz não se torna eficiente até que o homem “se decida por” Cristo, e seja salvo em conseqüência dessa decisão. A terceira opinião sobre a expiação é a “calvinista”, a qual diz que Cristo morreu positiva e eficazmente para salvar a um certo número de pecadores que mereciam o inferno, em quem o Pai já havia fixado Seu amor graciosamente e por eleição. O Filho pagou a dívida desses eleitos, e por eles satisfez a justiça do Pai, atribuindo-lhes Sua retidão de modo que se completem nEle.

A morte de Cristo, então, só poderia ter sido por uma dessas três razões: salvar a todos, salvar a ninguém em particular, salvar a um numero em especial. O terceiro modo de ver é aquele mantido pelos calvinistas e geralmente chamado expiação limitada, ou redenção particular. Cristo morreu para salvar um numero específico de pecadores, a saber, aqueles a quem “elegeu nele antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4); aqueles que o Pai havia Lhe dado do mundo (Jo 17:9); aqueles a favor de quem Ele disse ter derramado Seu sangue, “porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt26:28). O texto diz, “muitos” e não “todos”.

Esse ultimo ponto de vista faz justiça ao propósito da vinda de Cristo à terra para morrer na cruz. O sacrifício de Cristo é suficiente para salvar toda a humanidade, mas, eficiente para salvar somente aqueles a quem o Pai de antemão escolheu para ser salvo. (Rm 4:25) “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação”. A quem o Espírito Santo se refere quando diz “nossos”? O mundo? Se isso for verdade, então os universalistas estão certos, pois Cristo “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões (o mundo), e ressuscitou por causa da nossa (o mundo) justificação”; assim o mundo está justificado perante Deus. “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (I Co 15:22). Mais uma vez, isso só pode significar que toda a posteridade de Adão morre em Adão, como de fato ocorre – a Igreja pela qual Se entregou – vive nEle. Por que isso? Certamente porque ele se entregou por eles! “Com seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos: porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is 53:11). E ao realizar isso enquanto pendurado na cruz, diz o profeta Isaías naquele maravilhoso capítulo 53 de sua profecia, Ele vê “o trabalho de sua alma... e ficará satisfeito”. O trabalho de Sua alma enquanto derrama Seu sangue como oferta por nossos pecados gerará filhos espirituais para louvor de Seu nome, e Ele ficará satisfeito quando vir essa obra realizada.

Não fechamos os olhos ao fato de algumas Escrituras se referirem ao “mundo”, nem ao fato de muitos as tomarem como ponto inicial sobre o assunto da redenção. Todavia, quando comparamos Escritura com Escritura, vemos que o uso da palavra “mundo” não implica necessariamente “todo homem e mulher no mundo”. “Eis que toda a gente vai após ele”, diziam de Jesus; todas as pessoas, entretanto, não “seguiam” a Cristo. A expressão significa “todo tipo de pessoa” – e normalmente tanto gentios como judeus. A pergunta principal deve ser quanto à intenção divina; Deus tinha intenção de salvar a todos os homens, ou não? Se não tinha a intenção de salvar a todos os homens, sem exceção de nenhum, mas somente os eleitos, então a obra de Cristo na cruz é um sucesso magnífico, e acreditamos com razão que “todo o que o Pai me dá virá a mim... (Jo 6:37). Se, por outro lado, era a intenção de Deus salvar a todos, então a expiação de Cristo tem sido um grande fracasso, pois grande parte da humanidade não tem sido salva, inúmeras pessoas tem morrido nas drogas, na prostituição, na bandidagem, na idolatria e nas seitas como satanismo, espiritismo, terreiros e etc. Cristo pagou nossa dívida! Dívida de quem? Do mundo ou dos eleitos? Com certeza, se um homem foi redimido por um redentor, então a lei que ele quebrou deve ter sido satisfeita como resultado da obra de penhor em seu lugar. A ira divina tem que ser saciada, porque Deus é justo, e Sua justiça está além da nossa capacidade de compreensão, o homem pecou, e este pecado tem uma conseqüência, e a conseqüência é a morte eterna, e todos os homens estão condenados a esta morte, todos estão no inferno, Deus nunca mandou ninguém para o inferno, o homem caminhou para ele sozinho. Mas o amor de Deus pelo homem é tão imensurável que Ele sacrificou Seu próprio Filho por aqueles que ele quis salvar sem qualquer mérito ou acepção, apenas baseado em Seu beneplácito, e os demais Ele deixou onde estavam para pagar seus pecados por si mesmo. A diferença é que para os eleitos, Jesus Cristo pagou, Ele morreu e ressuscitou, e os eleitos ganharam assim o passaporte garantido para a vida eterna com Deus, e os demais, apenas permaneceram no inferno.

4 – GRAÇA IRRESISTÍVEL

Este quarto ponto do sistema de fé calvinista, como os outros três, é o resultado lógico de tudo o que o antecedeu. Se os homens são incapazes de salvar a si mesmos devido a sua natureza degenerada, e se Deus Se propôs a salvá-los, e Cristo realizou sua salvação, então segue logicamente que Deus deve também prover os meios pára chamá-los aos benefícios desta salvação que obteve para eles. O sistema lógico calvinista, contudo, embora integralmente lógico, é também mais que um mero sistema. É um sistema de crença bíblica espiritual pura e fundamentado na Palavra de Deus. Sua doutrina da graça irresistível, então, não foi imaginada pelos homens que elaboraram “Os Cinco Pontos do Calvinismo” o Sínodo de Dort, mas é a revelação exposta na santa Palavra de Deus. Por exemplo, Romanos 8:30 “E aos que predestinou a estes também chamou”. Deus elegeu homens e mulheres para a salvação; Ele chamou aqueles que baseado em Sua vontade soberana, elegeu sem nenhum mérito.

O que significa graça irresistível? Sabemos que quando o chamado do evangelho ocorre em uma igreja, ou ao ar livre, ou pela leitura da Palavra de Deus, nem todos atendem. Nem todos ficam persuadidos do pecado e sua necessidade de Cristo. Isso explica o fato de haver dois chamados. Não somente há o chamado exterior, existe também o chamado interior. O exterior pode ser descrito como “palavra do pregador”, e quando ocorre pode operar de modos diferentes em diferentes corações, produzindo uma série de diferentes resultados. Uma coisa não fará, entretanto, não operará obra de salvação no coração do pecador. Para que seja forjada a obra de salvação, o chamado exterior precisa ser acompanhado pelo chamado interior do Espírito Santo de Deus, pois é Ele que “convence do pecado, da justiça e do juízo”. E quando o ESPIRITO Santo chama um homem, ou uma mulher ou jovem por Sua graça, esse chamado é irresistível: não pode ser frustrado, é a manifestação da graça irresistível de Deus.

Isso é provado vezes e mais vezes na Palavra vivificadora de Deus, como por exemplo nos versículos e trechos que seguem:

1 – “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6:37). Notemos que são aqueles que o Pai “dá a Cristo” – os eleitos – que virão a Ele; e quando vierem não serão lançados fora de forma alguma.

2 – “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:44). Aqui nosso Senhor está simplesmente dizendo que é impossível aos homens virem a Ele por si mesmos; o Pai tem que atraí-los.

3 – “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim” (Jo 6:45). Os homens podem ouvir o chamado exterior; mas são aqueles “ensinados por Deus” que responderão e virão a Cristo. Assim foi com Simão Pedro: “Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus(Mt 16:17).

4 – “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8:14).

5 – “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça...” (Gl 1:15).

6 – “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe 2:9).

7 – “Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar” (I Pe 5:10).

Uma ilustração notável desse ensinamento de graça irresistível, ou chamado eficaz, certamente é o incidente sobre o qual lemos em Atos, capítulo 16. O apostolo Paulo ensinava o evangelho a um grupo de mulheres às margens de um rio em Filipos; e enquanto o fazia, “certa mulher chamada Lídia... ouvia-nos, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia”. Paulo, o pregador, falou aos ouvidos de Lídia – o chamado exterior; mas o Senhor falou ao coração de Lídia – o chamado interior de graça irresistível.

Os arminianos crêem que os homens e mulheres podem resistir ao chamado do evangelho de Deus, e de fato o fazem, contestando, portanto a existência de uma doutrina como a da graça irresistível. Nós, calvinistas, acreditamos que não somente os homens e mulheres podem resistir ao evangelho de Deus, mas de fato o fazem, e tem que fazê-lo em decorrência de suas naturezas. Assim, há necessidade de existir uma doutrina como a graça irresistível. Em outras palavras, uma influência maior que a nossa natureza, maior que a nossa resistência precisa penetrar em nossas almas, ou estaremos perdidos para sempre, pois a natureza do homem é má, corrupta e altamente inclinada para o pecado, nunca decidiríamos por Cristo se dependesse de nós mesmo. Mas graças a Deus que não depende (Jo 15:16), nós é que somos escolhidos e aceitos por Cristo. Por isso não podemos resistir ao chamado de Deus. Deus endureceu o coração da humanidade para não se arrepender, assim como ele fez com Faraó, e quebranta os corações que Ele elegeu antes da fundação do mundo para que fossemos moradas do Espírito Santo de Deus. O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, por isso é difícil de aceitar.

5 – PERSEVERANÇA DOS SANTOS

E agora, o último ponto – a perseverança dos santos. De novo, à guisa de sumário, vamos nos referir à Confissão Batista, que é concorde neste ponto com Confissões de fé históricas. “Aqueles a quem Deus aceitou no Amado”, diz “eficazmente chamados e santificados por Seu Espírito, e a quem deu fé precisa de Seus eleitos, não podem cair total ou cabalmente do estado de graça, mas certamente perseverarão nela até o fim, e serão eternamente salvos, visto que os dons e chamados de Deus são sem arrependimento...”

Vamos mostrar mais uma vez que é exatamente isso que as Escrituras nos ensinam. “Porque os que dantes conheceu os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho; a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Que diremos pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?... Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida... nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. (Rm 8:29-31, 38-39).

Reconheçamos novamente que os no Sínodo de Dort (e aqueles que ensinam de modo semelhante) só estavam colocando um alcance limitado, em forma sistemática, o ensinamento do evangelho de Deus sobre a graça livre e soberana. Si o homem não pode salvar-se a si mesmo, então Deus precisa salvá-lo. Se todos não são salvos, então Deus não salvou a todos. Se Cristo pagou pelos pecados, então foi pelos pecados daqueles que são salvos. Se Deus tem a intenção de revelar essa salvação em Cristo aos corações daqueles a quem escolheu para salvar, então Ele proverá meios de fazê-lo com eficácia. Se, portanto, tendo determinado salvar, morrido para salvar, e chamado para a salvação aqueles que jamais poderiam salvar a si mesmos, também preservará os salvos para a vida eterna, para a gloria de Seu nome.

Dessa forma subseqüente à depravação total, à eleição incondicional, à expiação limitada e ao chamado eficaz, temos a perseverança dos santos. “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). A Palavra de Deus está repleta de referencias a essa verdade abençoada. “E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:39). “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10:28). “Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5:10). “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).

Esta é a marca que distingue o crente: que ele pertence a Cristo; que é perseverante nas coisas de Cristo; que procura “fazer cada vez mais firme e (sua) vocação e eleição”. O crente em Cristo pode cair em tentação, mas o Senhor “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:28-39).

Sempre o eleito sairá da queda, se cair levantará e não ficará prostrado. Se pecar, se arrependerá, mas sempre o eleito terá sua salvação mantida por Deus. Estes versículos de Romanos mostram a lógica que o calvinismo simplesmente afirma. A salvação que tem inicio na mente e no propósito de Deus há de terminar no cumprimento de Seu designo infalível, qual seja, aqueles “que dantes conheceu” são eternamente unidos a seu Salvador, sem qualquer possibilidade de perda ou queda irreversível. O que quero dizer é que o homem pode por um instante cair, mas não ficará prostrado por muito tempo, pois ele passa no momento da regeneração, a ser habitação perpétua do Espírito Santo, e este lhe garante a salvação. Caso um eleito caia, o Espírito Santo não se aparta dele, esta casa não pode ser possuída por outro morador, mas Ele se alto anula até o momento do quebrantamento do coração da pessoa, que é feita por Ele mesmo, e o restaura ao estado de graça novamente. É impossível um eleito de ir para o inferno, mas isso não lhe dá o direito de pecar, é justamente o contrário, o eleito foge do pecado, pois ele sabe que entristece a Deus e pagará um preço alto por aquele pecado. Deus não isenta seus filhos das conseqüências de seus erros, Ele os pune, porque Deus é justo. Mas Deus não deixa no inferno quem foi comprado com o sangue de Jesus Cristo, eficazmente Ele os salvará.

CONCLUSÃO

Isso é, então, em linhas gerais o ensinamento que às vezes chamam de calvinismo. Longe de uma inovação do homem, é a Sã Doutrina formulada e exposta claramente, sem obscuridade ou duvidas.

A pergunta perene, entretanto, certamente será levantada: “Mas esse calvinismo não estorva a obra do Evangelho?”. Um olhar de relance na história da Igreja de Cristo neste mundo é suficiente para invalidar tal opinião. O Evangelho de Cristo floresceu mais onde e quando o povo do Senhor teve essas doutrinas da graça perto de seus corações. Pensamos no zelo de William Carey que levou de sua oficina de sapateiro para evangelizar por Cristo na Índia. Carey foi um calvinista firme, assim como Andrew Fuller, outro grande batista que ajudou a formar a Sociedade Missionária Batista. Pense nessas palavras do piedoso David Brainerd, o homem que acreditava que assim como os homens brancos, os índios Pele Vermelha da América também tinham almas. “Tive então dois desejos”. Escreve em seu diário, “minha própria santificação, e colheita dos eleitos de Deus”. Um grande evangelista dos tempos modernos foi o calvinista George Whitefield, entretanto seu calvinismo nunca impediu sua pregação do evangelho de Cristo. “Com que paixão divina” dizia-se dele, “exortava o pecador a se voltar para Cristo”. Muitos outros missionários cujos ministérios foram gloriosos, todos reformados. Nenhum deles tiveram seus trabalhos prejudicados pela doutrina, muito pelo contrário, as doutrinas da graça nos dá uma motivação maior, uma certeza que o nosso trabalho nunca será em vão, e também nos tira a responsabilidade da conversão dos homens mas, não nos isenta da pregação.

As doutrinas da graça nos mostram um Deus soberano, nos adoramos e servimos a um Rei que “tudo faz segundo sua própria vontade”. Charles Spurgeon disse uma vez, “Vi homens mordendo os lábios e rangendo os dentes em ira quando pregava a soberania de Deus... os doutrinadores de hoje admitem um Deus, mas Ele não pode ser um Rei”. Contudo, quantos não se levantaram em contenda contra ele por causa de sua doutrina.

Encerro este assunto também com as palavras de Charles Spurgeon, que foi um dos maiores pregadores depois de Cristo, os apóstolos e os reformadores. “A Antiga verdade pregada por Calvino, a qual Agostinho pregou, assim como Paulo, é a verdade que tenho que pregar hoje, ou serei falso para com minha consciência e meu Deus. Não posso moldar a verdade, não conheço algo como tirar as arestas de uma doutrina. O evangelho de Jhon Knox e meu evangelho; aquilo que trovejou pela Escócia deve trovejar pela Inglaterra de novo”.

Com isso, façamos destas palavras as nossas, não moldemos a verdade á nossa conveniência, façamos com que as palavras de Deus alcancem os corações dos eleitos e aquilo que trovejou na Alemanha e França, troveje também aqui no Brasil. Amém e Amém.

Pr. Adhemar de Paula Ferreira Junior

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